da lembrança primeira
naquele tempo
a vida da gente era uma ruazinha de barro
esperando a chegada do asfalto
uma casa pintada de azul
rodeada de árvores
e os dias de toda a família
mais pareciam uma canção de milton nascimento
a combinar com montanha, cachoeira e feriado
da mãe
disse a mãe da gente
enquanto fritava bolinhos de chuva
pra merenda da tarde:
só ventava incerteza
que matei minha sede
bem na fome de teu pai”
da bala doce
vez em quando
a vó enchia as mãos de bala
num gesto de vó
em deixar o neto contente
só o jeito dela dizer
é de coração
é de coração
do segredo mais antigo
ela sempre foi o princípio do ano
ela sempre foi sem pedra na mão
ela sempre foi a bicicleta enfeitada
ela sempre foi o de mais bonito que eu via
ela sempre foi o vento que não me punha medo
ela sempre foi de sossegar minha correria
ela sempre foi o nome bem dentro do coração de giz na calçada